terça-feira, 16 de setembro de 2008

Resumo - Yuri Galvão

A pesquisa em Educação Física no Nordeste Brasileiro (Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe), 1982 -2004: Balanços e perspectivas / Dr. Silvio Sánchez Gam / Drª Márcia Chaves / Drª Celi Taffarel.
O estudo aqui apresentado atende às características de uma pesquisa matricial, à necessidade de compreender a produção científica no âmbito regional e à possibilidade de desenvolver um trabalho coletivo.
Nos desafios da produção em educação física nas condições do Nordeste, onde, apesar da significativa quantidade de pesquisas realizadas, e dos grupos de pesquisas consolidadas, ainda não se conta com programas de pós-graduação.
Existe uma significativa produção de pesquisa em nível de mestrado e doutorado, elaborado em outras áreas de conhecimento, como a educação, visando identificar os pesquisadores e caracterizar a pesquisa desenvolvida na região a fim de oferecer informações sistematizados apontando problemáticas desenvolvidas, tendências, perspectivas e recursos humanos qualificados.
Alguns objetivos que a pesquisa propôs: recuperar informações, identificar problemas, analisar tendências, constatar semelhanças e diferenças e apontar dificuldades e perspectivas para a consolidação e o desenvolvimento da pesquisa na região.
O conceito de epistemologia tem a sua origem na composição grega episteme (conhecimento) e logo (razão, explicação), e significa o estudo da natureza do conhecimento, a sua justificação e seus limites .
A epistemologia contemporânea vem construído-se na interface entre a ciência e a filosofia, depois de sua separação na modernidade, na epistemologia dialética, entendia esta como o estudo sistemático que encontra na filosofia materialista seus princípios e na produção científica seu objetivo.
No campo da educação física, o uso do termo epistemologia vem referindo-se aos pressupor as diversas abordagens teórico-metodológicas utilizadas na pesquisa científica.
Entre os paradigmas dominantes na educação física podemos identificar a influência na biologia, na psicologia, na sociologia, na antropologia, na filosofia, na educação física. Abordagens essas fundamentadas numa concepção empírico-analítica da ciência.
Dentro dos trabalhos sobre epistemologia da educação física e que fazem particular referência à análise da produção que destaca-se os trabalhos de Souza e Silva(1990,1997) e Gaya(1993).
Os resultados encontrados por Souza e Silva e Gaya. Diversos estudos na educação física concordam com a importância de identificar as perspectivas epistemológicas como uma forma de compreensão da produção científica da área.
Com base nesses interesses básicos que orientam a produção do conhecimento, podemos identificar os diferentes enfoques ou tendências epistemológicas da pesquisa científica nas diferentes áreas do conhecimento: O enfoque empírico- analítico utiliza técnicas predominantes quantitativas.
O enfoque histórico-hermenêutico preocupa-se com a capacidade humana de produzir símbolos para comunicou significados. Para tanto utilizamos o esquema paradigmático proposto por Sánchez Gamboa(1987,1996), que elucida a articulação entre técnicas, métodos e teorias utilizadas.
Através dos dados, constatou-se a diminuição das abordagens analíticas e positivistas e o aumento progressivo das tendências crítico-dialéticas e, em menor proporção, das fenomenológicas-hermenêuticas; entretanto, a intensidade do crescimento das abordagens críticas é maior no Nordeste e o materialismo histórico apresenta-se heuristicamente como uma forma privilegiada de abordar as problemáticas nos seus contextos sócias e históricas.
A superação do desequilíbrio regional exige, por um lado, a ousadia e otimização dos recursos humanos existentes e , por outro lado, a necessidade de políticas públicas, priorizando recursos financeiros para superar essa grave discrepância regional no desenvolvimento da pesquisa e da pós-graduação em educação física no Brasil.


VIGARELLO, Georges. A invenção da ginástica no século XIX: movimentos novos, corpos novos. In: Revista Brasileira de Ciências do Esportes, v.25, n. 1, p. 9-20, set. 2003.

A maneira pela qual Clias, diretos do ginásio de Berna, evoca, em 1815, os resultados obtidos por um dos seus alunos ilustra, em poucas palavras, a nova visão do corpo. A criança obtém resultados medidos e comparados ao longo do tempo. Constatações aparentemente sumárias, porém determinantes que permitem pela primeira vez apreciar não somente performances, mas, ainda, capacidades corporais conforme as unidades de medidas comparáveis universalmente. Apenas o dinamômetro, inventado por Régnier, no fim do século XVIII, permitia a avaliação em quilogramas, das forças exercidas sobre esse instrumento: sua mola, inalterável e graduada, transpõe em números a potência dos músculos. A força física tem que ser calculada seus progressos devem ser comparadas. O que vem confirmando o quanto se populariza a visão das forças do corpo, mas bem comparadas por serem contabilizadas. O que confirma também a expectativa nova das medidas de recursos físicos que permaneceram por tanto tempo confusos. Agrega-se a tudo isso a atração de uma energia imaginária: a comparação, por exemplo, entre a quantidade de trabalho produzido e o tipo de alimentação absorvida. Uma imagem nova exige agora o recurso às comparações numéricas: a imagem de um corpo similar a um motor. A verdadeira novidade nesse início de século consiste na análise do movimento o cálculo das forças produzidas, assim como o cálculo das velocidades e dos tempos, com a finalidade de melhor discernir as performances. O tema central é certamente o da eficácia mensurável: o corpo deve produzir resultados que podem ser vistos, aferidos entre si, figuráveis no rigor de uma tabela. O tema da eficácia aprofunda-se de acordo com as mudanças dos conteúdos conhecidos: a ginástica não mais sugere apenas resultados, inventa gestos, recompõe exercícios e encadeamentos, constitui um programa interminável de aprendizagens seqüenciais que estabelece uma nova disciplina no universo pedagógico. De um modo mais amplo a nova ginástica sugere a possibilidade de reviravolta nos aprendizados escolares, adaptados como nunca foram ao espaço e ao tempo de aula e fornecendo como nunca os dispositivos de grupos e os exercícios coletivos. Sem dúvida alguma, essa primeira ginástica produziu um impacto social além dos projetos escolares ou das ligações com as forças armadas e a indústria. A ginástica é o objeto de um regulamento militar que a torna obrigatória em 1836. Ela triunfa nas obras de entretenimento e de jogos. Mais profundamente surge uma convicção, mesmo sem dar origem a uma prática ampla, o ginásio convence, impressiona, sem que se introduza nas primeiras décadas do século, uma verdadeira mudança de hábitos e comportamentos. Chega-se, portanto, pela invenção dessa ginástica a novos movimentos, a um novo corpo.

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